Camila: Espaço Cultural: Muito Barulho Por Nada: a persuasão de Shakespeare

Muito Barulho Por Nada: a persuasão de Shakespeare

Comentário por Camila Cordeiro Guimarães

A obra “Muito Barulho Por Nada” foi escrita pelo dramaturgo inglês William Shakespeare em meados de 1590, sendo considerada uma de suas melhores comédias devido à forma ardilosa como expõe as falas dos personagens.
Segundo Nélson Jahr Garcia[1], Shakespeare mostrou com suas citações como a mente humana é fraca e suscetível aos recursos da comunicação, fazendo com que as pessoas cometam atos que não fariam em outras situações.
Vemos isso nos três principais acontecimentos da história: os jovens Beatriz e Benedito, ambos de gênio forte e língua afiada, cujos diálogos sempre estavam carregados de ironia e trocas de acusações impertinentes; o amor e conseqüente noivado entre o fidalgo Cláudio e a jovem Hero, filha do governador Leonato da cidade de Messina e prima de Beatriz; e as ações falsas e vingativas de D. João, irmão bastardo de D. Pedro, que se focou em pôr um fim ao casamento já marcado de seus conhecidos.
Ao mesmo tempo em que Cláudio, Hero, Leonato e a criada Úrsula tecem um plano para convenceram Beatriz e Benedito a declararem seu amor um pelo outro, D. João arma, juntamente com seus comparsas, um falso incidente para que Hero fosse taxada de impura e ficasse mal vista pelo até então noivo. Cláudio, crente que a futura esposa se encontrava com outro homem à noite e sem desconfiar que fora uma armação entre a criada Margaret e um seguidor de D. João, acaba por romper o noivado e humilha Hero na frente de todos. Por ter desmaiado após a fala irada de Cláudio, Hero é aconselhada a se fingir de morta, pois assim poderia provocar culpa nele e fazê-lo se arrepender de suas ações quando a verdade fosse revelada em seu falso velório.
Beatriz e Benedito se tornam mais próximos apenas por questão de formalidade e para ajudar à jovem Hero, mesmo que duvidem da veracidade dos rumores sobre o amor que sentem um pelo outro às escondidas. Devido às testemunhas que escutaram um homem dizer que foi pago por D. João para participar da armação contra Hero, a verdade é esclarecida e Cláudio se desculpa, recebendo a noiva de volta ao constatar que ela ainda estava viva.
D. João é preso conseqüentemente e a atenção do ato final recai sobre o destino de Beatriz e Benedito, que após saberem que os rumores entre si faziam parte de um plano para aproximá-los, acabam por achar um fundo de verdade mesmo por trás de todas as provocações que trocavam, e terminam juntos, quebrando o fato de que jamais se casariam.
Sendo assim, essa comédia, relatando episódios cotidianos através de personagens humanos e reais, prova mais uma vez a genialidade de Shakespeare ao explorar o comportamento das pessoas através de uma trama inteligente e sagaz.

[1] Nélson Jahr Garcia é formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Professor da USP, e de outras Faculdades Particulares. Fez mestrado e doutoramento em Ciências da Comunicação na ECA-USP. Escreve livros, artigos. É webdesigner e ebook-publisher.

4 comentários:

CRISTIANE PEREIRA DOS SANTOS disse...

comedia mto interessante narra o comportamento das pessoas através de uma inteligente trama.

Fernanda Medeiros Silva disse...

Concordo com Cristiane! É uma comédia carregada de significados e mostra a atitude das pessoas de acordo com cada situação. Muito bom!

Palavras em Combate disse...

Nesta obra o autor mostra a fragilidade do ser humano(em relação ao agir sem pensar), as reações que são feitas através de impulsos e não após uma reflexão.

Linhas tortas disse...

Gostei se sua análise Camila, deu vontade de ler o livro, me pareceu uma ótima comédia, pois o assunto abordado é muito interessante e praticado até hoje, já que as pessoas agem muito sem pensar.

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